Museu do Presídio e Marítimo – Ushuaia

Passeio realizado no dia 27/11/2010

O Museu Marítimo e do Presídio é uma parada obrigatória para quem deseja ir além de um passeio turístico em Ushuaia e queira conhecer mais profundamente sobre a história da cidade.

O museu está instalado no mesmo local onde ficava o antigo presídio e sua história está intimamente ligada ao povoamento da região. Conta a história que o governo desejava povoar a Terra do Fogo e então teve a idéia de levar prisioneiros para o extremo sul argentino para desenvolver o local. Além disso, também era uma ótima idéia levar  condenados por crimes graves e políticos para Ushuaia por 2 motivos: a grande distância de Ushuaia até a capital portenha e o fato do presídio ficar num local tão inóspito que impedia qualquer tentativa de fuga.

Museu Marítimo e do Presídio

Uma das grandes atrações do museu são as diversas esculturas de guardas, índios, prisioneiros e qualquer outra personalidade e/ou estereótipo que seja possível retratar. Numa primeira olhada, chega a ser frustante ver essas esculturas para quem já visitou museus de cera como o Madame Tussauds, entretanto temos que pensar que o objetivo principal desse museu não é criar bonecos idênticos mas sim utilizá-los num contexto que ajude a contar uma determinada história.

Policial dentro do PresídioPolicial na guarita do Presídio

Logo na entrada se encontra a área dedicada ao Museu Marítimo. Esse setor apresenta diversas réplicas em miniatura de embarcações famosas, mapas da região da Terra do Fogo e arredores, além de algumas esculturas.

Uma dessas esculturas é a que mostram 2 yámanas ao lado de uma canoa. Os yámanas são os índios que viviam na região antes da chegada dos colonizadores europeus e algumas de suas características curiosas eram a sua baixa estatura e o fato de usarem apenas uma pequena vestimenta que cobria a região genital apesar de habitarem uma localidade tão fria.

Como uma das principais atividades dos yámanas era a pesca, a canoa era um elemento essencial e a embarcação era construída a partir de um único tronco de árvore na qual era possível o transporte de toda a família. Uma curiosidade era que os yámanas levavam fogo inclusive na canoa para usarem no local onde desembarcavam e também para se aquecerem durante o percurso.

Yámanas e sua canoa

Apesar de não encontrar nenhuma literatura na internet que confirme, outra curiosidade dos yámanas que soube através da explicação dos guias era que, para se protegerem do frio, os yámanas passavam banha de baleia pelo corpo. Além disso, eles se adaptaram tão bem ao ambiente que a temperatura corporal normal dos yámanas era em torno de 40ºC (o que seria uma baita febre para qualquer ser humano hoje em dia).

Depois de visitar o Museu Marítimo, o visitante entrará no setor do Museu do Presídio. Esse pavilhão foi totalmente reformado e cada uma das celas viraram salas de museu nas quais existem fotografias, esculturas e painés informativos sobre a biografia e história de diversos presos famosos que residiram nesta penitenciária.

Museu do Presídio

Um dos presos mais famosos de Ushuaia foi Cayetano Santos Godino, popularmente conhecido como Petiso Orejudo (pônei orelhudo). Petiso Orejudo foi um jovem serial-killer que cometeu diversos crimes na capital argentina, sendo mais conhecido pelos assassinatos e tentativas de assassinato a crianças. Sua história foi tão marcante que foi parar no cinema com o filme El niño de barro que conta inclusive com a presença da atriz espanhola Maribel Verdú.

Presidiário em sua celaEl Petiso Orejudo

Mas além de receber criminosos de alta periculosidade, Ushuaia também recebeu diversos presos políticos como o jornalista e escritor Ricardo Rojas, enviado para Ushuaia devido a sua militância no partido político UCR. No entanto, Ricardo Rojas, assim como outros prisioneiros políticos, apenas sofreu com o frio e a distância de Ushuaia já que vivia em casas particulares ao invés de ir para o presídio, tendo como única obrigação se apresentar periodicamente a polícia local.

Ricardo Rojas

Outro atrativo desse museu é uma réplica em tamanho real do Farol San Juan de Salvamento. O farol original, também conhecido como Farol do Fim do Mundo, se encontra na Ilha dos Estados e não é o mesmo que muitos turistas visitam quando estão em Ushuaia (esse farol é o Les Éclairs).

No interior da réplica do farol se encontram algumas fotografias antigas e textos explicativos sobre a história desse farol, além de algumas esculturas dos que alí trabalhavam. Esses homens eram os guardafaros, também conhecidos como torreros, e eram obrigados a passar vários meses isolados do mundo com o único objetivo de manter o bom funcionamento do farol.

Réplica do Farol do Fim do MundoGuardafaros (também conhecido como Torreros)

Uma boa dica para quem for visitar o Museu é se informar previamente sobre os horários das visitas guiadas. A visita guiada é gratuita e além de informativa, é bastante divertida pois a guia interage bastante com a "platéia", além de fazer diversas piadinhas ao longo de toda a visita.

Eu imagino que a visita que fui estava mais cheia que o normal pois era um sábado e pouco antes do começo da visita um enorme grupo chegou no museu (típico grupo de pacote CVC composto em sua maioria por idosos). No entanto, pouco a pouco as pessoas foram desistindo de acompanhar a visita guiada e no final, a visita que no começo contava com umas 100 pessoas, devia ter menos de 20.

Visita guiada ao Museu do Presídio

Quer mais informações?

O Museu possui um site no qual é possível obter informações como tarifas, localização, horário de funcionamento e de visitas guiadas, etc. Além disso, o site também descreve suas diversas atrações e possui algumas publicações em português que podem ser baixadas como os folhetos do Museu do Presídio e do Museu Marítimo.

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